sábado, 11 de abril de 2015

Memórias Inventadas

Olá leitores, aqui é o Paulo e vou falar de um livro de poesia que gosto bastante, Memórias Inventadas de Manoel de Barros.




O livro foi publicado em 2008 pela editora Planeta e está repleto de poesias baseadas nas infâncias de Manoel de Barroas, e é um livro que você lê e relê, sem se cansar. Vou colocar uma de suas poesias.

Obrar
Naquele outono, de tarde, 
ao pé da roseira de minha
avó, eu obrei.
Minha avó não ralhou nem.
Obrar não era construir 
casa ou fazer obra de arte.
Esse verbo tinha um dom diferente.
Obrar seria o mesmo que cacarar.
Sei que o verbo cacarar se 
aplica mais a passarinhos
Os passarinhos cacaram nas folhas 
nos postes nas pedras do rio
nas casas.
Eu só obrei no pé da roseira da minha avó.
Mas ela não ralhou nem.
Ela disse que as roseiras 
estavam carecendo de esterco orgânico.
E que as obras trazem força e beleza às flores.
Por isso, para ajudar, andei a fazer obra nos 
canteiros da horta.
Eu só queria dar força às beterrabas e aos tomates.
A vó então quis aproveitar o feito para 
ensinar que o cago não é uma coisa desprezível.
Eu tinha vontade de rir porque a vó 
contrariava os ensinos do pai.
Minha avó, ela era transgressora.
No propósito ela me disse que 
até as mariposas gostavam
de roçar nas obras verdes.
Entendi que obras verdes seriam 
aquelas feitas no dia.
Daí que também a vó me 
ensinou a não desprezar as coisas
desprezíveis
E nem os seres desprezados.


E aí, vocês já leram esse livro de poesias? Se sim, o que acharam? E dessa poesia, gostaram? Deixe as respostas nos comentários, e até mais!

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